Hoje, dia de Natal, fui com o meu marido e o meu filho almoçar a casa de meus pais. Desde há dois anos para cá que a minha mãe já não faz o almoço de Natal onde reunia todos os filhos e netos. Mesmo assim, resolvemos ir até lá e levei o almoço já feito.
Ainda cheguei cedo e o meu pai não estava acordado. Momentos depois ouvimos ele chamar pela minha mãe (dela e do nome , ele nunca se esquece). Ainda ouvi ele dizer à minha mãe que queria se ir sentar ao sol - e estava a chover imenso! A minha mãe trouxe-o do quarto e eu fiquei a aguardar na cozinha. Estava com muito receio que ele não me reconhecesse, pois já não os visitava acerca de dois meses. Como já lhe custa muito caminhar, vinha com uma bengala e a minha mãe ainda puxava por ele. Quando me viu, parou, deu um sorriso lindo e chamou pelo meu nome. Deu-me dois beijinhos e um abraço. Nesta altura só estava eu por perto, mas depois também pediu um beijinho ao neto e cumprimentou o genro. Depois ainda me falou dos cães. Por momentos a Alzheimer parecia não estar ali.
Na hora de ir embora, quando me fui despedir, ele disse-me:“ então já vais embora!? Mas para a semana vens cá outra vez, não é?” Acenei a cabeça que sim, mas na verdade, não devo de ir. Eu gostaria de poder ir mais vezes. Hei-de arranjar uma forma de ir mais vezes, porque percebi que é o que ele quer. Deve sentir falta de ter os filhos por perto.