A visita ao lar

Não foi fácil dar com o lugar, mas depois de alguns enganos lá conseguimos encontrar o lar de idosos. Um sitio humilde, mas muito acolhedor e limpinho. Gostei imenso da senhora que é a dona e a  responsável. Daquelas pessoas que nos enchem logo o coração de bondade e de tranquilidade. Chegamos na hora que ele estava a fazer uma sesta. Ele tem um quartinho só para ele, o quarto é pequeno mas tem o essencial. Tem uma cama toda articulada, além de ter grades.

 

Ele foi forçado a acordar e quando acordou parecia nem saber onde estava. Não me reconheceu. Quando eu lhe disse o meu nome, apenas disse que tinha uma filha com esse nome, mas que não era eu. Ainda insisti com ele que era mesmo eu, mas ele não aceitou, tratou-me o tempo todo por "você" e como se eu fosse uma estranha que ali estava. Apontou para o meu marido e perguntou quem era. Eu disse-lhe o nome, e ele disse: " olha é o mesmo nome do marido da minha filha, duas pessoas com o mesmo nome! Está mal!" Depois só falava de casamentos e de bailes. Dizia que tinha 31 anos, depois dizia que tinha 29. Ultimamente até mesmo ao médico e às pessoas diz muitas vezes que tem 29 anos, não sei porquê! Nós estavamos lá no quarto dele com a Sra. que é dona mas também é quem cuida e outra funcionária, e ele repetiu várias vezes a frase: "isto é tudo boa gente, do melhor que há"!

 

Fiquei tranquila, sei que está a ser bem tratado. Tenho esperança que ele me volte a reconhecer. Se ele não sabe que eu lá estive, deve de pensar que não o vou ver, que não me importo com ele. Eu segurava na mão dele e ele olhava muito para mim...mas não aceitava que era eu lá estava!

 

Agora a minha mãe também está mais desafogada, embora sinta saudades dele...

 

publicado por alzheimerdepapie às 11:25